Um dos doadores de sangue de maior sucesso do mundo, cujo plasma salvou a vida de mais de 2 milhões de bebês, morreu aos 88 anos. Ele se tornou doador aos 14 anos de idade e desempenhou a função regularmente durante 74 anos. Mas, o mundo só passou a conhecer a sua biografia após a sua morte. Um reflexo dos novos tempos que prioriza a mediocridade e esconde aquilo que realmente é relevante.
James Harrison morreu em uma casa de repouso no sul da Austrália, em 17 de fevereiro. Sua morte ganhou repercussão na segunda-feira (03/03), após a família fazer um comunicado oficial. Conhecido na Austrália como o homem do braço de ouro, o sangue de Harrison continha um anticorpo raro, o Anti-D, que é usado para fazer medicamentos dados a mães grávidas cujo sangue corre o risco de atacar seus bebês ainda não nascidos.
Em 2005, ele tinha o recorde mundial de mais plasma sanguíneo doado, um título que manteve até 2022, quando foi ultrapassado por um homem nos EUA. A filha de Harrison, disse que seu pai estava "muito orgulhoso de ter salvado tantas vidas, sem nenhum custo ou dor".
As vacinas anti-D protegem os bebês em gestação de um distúrbio sanguíneo mortal chamado doença hemolítica do feto e do recém-nascido. A condição ocorre na gravidez quando os glóbulos vermelhos da mãe são incompatíveis com os do bebê em crescimento. O sistema imunológico da mãe então vê as células sanguíneas do bebê como uma ameaça e produz anticorpos para atacá-las. Isso pode prejudicar seriamente o bebê, causando anemia grave, insuficiência cardíaca ou até mesmo a morte.